Sobre O Assalto, espetáculo apresentado pelo Uzina Uzona na XVII SLAMC
acredito que definitivamente o Uzina Uzona fez as pazes com Araraquara! apesar da nova geração nem fazer idéia da problemática causada pela facção católica e conservadora da sociedade araraquarense ao grupo em anos passados, quem viveu a história fica (pelo menos, eu fiquei) apreensivo...
mas, que prazer! Marcelo Drummond, braço direto de Zé Celso nas montagens no Teatro Oficina, nos brindou com uma primorosa direção... delicada e poética, sem perder o humor (por vezes sarcástico e sempre crítico) próprios do estilo do grupo; nos falou do homem vítima da sua condição: da solidão, de suas angústias e desejos (quase sempre secretos)... Marcelo deu ao texto de José Vicente, uma vida pulsante, cheia de paixão! e eu, me surpreendi ao ver em cena, não um revolver, mas uma gravata com o mesmo poder ameaçador da arma de fogo, em épocas de desarmamento, uma lição de sutileza...
rir, chorar, refletir... o espetáculo movimenta um turbilhão de sensações... (ainda mais com a presença do Luiz António Martinez Corrêa, numa foto cuidadosamente colocada em cena ao lado de uma vela!)... Salve Luiz! Salve Marcelo!
e como uma grande direção não se faz sem bons atores... meu coração ainda bate ao recordar o cruzar de olhar com Haroldo Ferrari quando Victor dizia por ele suas aflições...
ainda sinto êxtase pela composição de Fransérgio Araújo...
olho no olho, o tempo todo, fazendo da platéia cúmplice dos pensamentos mais íntimos de suas personagens... e assim é o Uzina Uzona, doa a quem doer!.. e se doer, é catarse!
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