2.1.07

Perfeição - Quando a Tempestade Nasce das Luzes

Perfeição - Quando a Tempestade Nasce das Luzes (Manicômicos/SP)

São Paulo: programas de fomento, editais públicos, organização e mobilização da classe teatral e, para completar esse caldo, um dos grandes centros de formação no fazer teatral, onde emergem discussões, teorias e o interesse por uma definição de um teatro DE rua (ou NA rua, ou DA rua, ou PARA a rua, ou ainda, teatro COM a rua... e aí está a polêmica que parece despertar mais e mais embates teóricos!). Atores, diretores e professores buscam levantar a discussão e integrá-la aos centros de formação! Vindos dessa efervescência, a Cia. Manicômicos com seu intrigante espetáculo: Perfeição - Quando a Tempestade Nasce das Luzes... Intrigante já pelo nome, forte e quase apocalíptico! Logo nos primeiros momentos, quando os atores chegam num cortejo em tom fúnebre, quebrando-o, em seguida, com um canto alegre onde formam a roda que delimitará o espaço cênico, se pensa: esses meninos sabem que estão fazendo! É um espetáculo com a cara de São Paulo, não só pela temática, mas pela intelectualidade manifesta em fórmulas bem aplicadas: o cortejo, a roda, as frases iniciais repetidas e marcadas com nuances e partituras, jogos de gestos e ritmos na fala, para que o público tenha sua atenção conquistada e não perca nada da introdução da história a ser contada... (afinal, é assim que se vende o peixe! ops, a história!). Tudo, dentro de um trabalho esmerado de pesquisa e executado com maestria! Bem o que essa capital vem buscando! A temática é atualíssima: uma cidade que cai vítima da sua busca pela tecnologia e as facilidades que dela advém. Só que engana-se quem pensa que tudo isso é tratado com peso e densidade... Aliás, se fosse assim, o grupo estaria pecando por não tornar popular o tema. O humor, também é recurso para dosar a narrativa e a crítica, se manifesta através de ironias e exageros... Assim, é o mesmo ator que faz todos os personagens que ao longo da história morrem vítima de uma misteriosa doença, que aos poucos devasta toda a cidade, levando a platéia a gargalhadas cada vez que um habitante sucumbe... haja criatividade para se morrer tantas vezes! Ao ouvir a expressão, morreu!! todos choram de rir e esperam, de olhar atento, o ator em mais uma queda... A situação da cidade, então, vai se tornando patética ante os olhos do público. E os Manicômicos arrancam longos e entusiasmados aplausos da platéia!


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