29.12.06

interlúdio

boa noite (djavan)

meu ar de dominador
dizia que eu ia ser seu dono
e nessa eu dancei!
hoje no universo
nada que brilha cega mais que seu nome
fiquei mudo ao lhe conhecer
o que vi foi demais, vazou
por toda selva do meu ser
nada ficou intacto
na fronteira de um oásis
meu coração em paz, se abalou
é surpresas demais que trazes
inda bem que eu sou flamengo
mesmo quando ele não vai bem
algo me diz em rubro-negro
que o sentimento leva além
não existe amor sem medo
boa noite!
quem não tem pra quem se dar
o dia é igual a noite
tempo parado no ar, há dias
calor, insônia, oh! noite
quem ama vive a sonhar de dia
voar é do homem
vida foi feita pra estar em dia
com a fome, com a fome, com a fome
se vens lá das alturas com agruras ou paz
oh! meu bem, serei seu guia na terra
na guerra ou no sossego sua beleza é o cais
e eu sou o homem
que pode lhe dar além de calor, fidelidade
(minha vida por inteiro lhe dou)



djavaniando o que há de bom!!

e como viver sem orkut!? oh! vício
então, arrumo as gavetas, me desfaço do que anda parado!
ritual de fim de ano, fechando a lojinha, conferindo o estoque... esperando o que há de novo, algo ou alguém que me desvende, será?! calor, insônia, oh! noite... então, voar é do homem!!

rose walker: ei, você! sabe o que freud disse sobre sonhar que está voando? quer dizer que na verdade estamos sonhando em fazer sexo.
sandman: verdade? então, me diga, o que significa você sonhar que está fazendo sexo?

oh! noite...

28.12.06

diário de bordo da V Mostra Rio- São Paulo de Teatro de Rua de Paraty/RJ

Ato I - prólogo da epopéia! rs

antes de começar, algumas considerações iniciais para contextualizar os leitores e a mim mesma!
pimentta, sempre diz que paraty é um divisor de águas... mas, sendo esta a quarta mostra que eu participo, o impacto não deve(ria) ser tão profundo... neste ano, eu fui sem pesos nos ombros, não tinha espetáculo para apresentar, então, livre, leve e solta era tempo de só curtir o resultado do trabalho da comissão curadora... (hhehehe) - só que, a expectativa, desta vez, foi maior, de modo que os dias que antecederam a viagem foram de grande ansiedade, mais do que em anos anteriores...
outra coisa que me irritou profundamente antes de arrumar as malas foi o assédio (rs!), muita gente querendo ir e muita gente achando que eu deveria resolver a vida de cada um por lá... putz, fiquei muito puta (se me permitem o palavreado!)... e aproveitando a vida corrida de ensaios (tinha que deixar o auto de natal afinado antes de ir!), joguei tudo pro alto e deixei de atender aos telefonemas e chamadas via MSN...
assim, peguei um ônibus para sampa na quinta-feira (7 de dezembro) tendo como companheiro de viagem o tio má... que diferente do público que me assediava, já tinha comprado as passagens e agilizado certas questões práticas pra mim... cheguei a rodoviária 5 minutos antes do ônibus sair (estava resolvendo milhares de coisas do dia a dia, como pagar contas que venceriam na segunda-feira e etc... isto porque, de paraty eu iria direto para campinas para o encontro da ASFACI)... aff, vidinha corrida! a viagem foi tranqüila, exceto pelo fato de eu ter esquecido de comprar algo para comer e tido almoçado apenas uma saladinha... quando o ônibus pegou um engarrafamento para entrar em sampa, achei que iria definhar... (nossa, agora fui dramática tipo novela mexicana! hehe)

II ato
paraty, 8 de dezembro, 4h da manhã


chegamos, eu e má, nanda e lell (que nos esperavam na rodoviária de sampa pra seguirmos viagem juntos!!) na rodoviária de paraty e quem estava lá para nos receber?! dom ailton quixote amaral, ao lado de seu fiel escudeiro, sancho harley sem pança.... ahuauahhau (opa, dom quixote entra nessa história só depois... rs). como só poderia dar entrada no hotel às dez de la matina, então... queria ver o sol nascer no cais... mas o sol nasceu no hamburgueiro onde tomamos algumas cervejas! rs... cada um com o destino que merece! huhauhau, depois que o sol nasceu, gentilmente, harley cedeu parte de sua ótima e grande cama de casal para eu e o má dormirmos um pouco... (tadinho, ele vai pro céu! estava todo feliz com uma cama gigante só pra ele... e lá vai dois bicudos pegar carona nela!!!)
depois de alguns pequenos probleminhas para dar entrada no hotel, fomos nos reunir a galera na praça da matriz como marcado na programação... dalí seguiríamos para um almoço na ilha rasa... (surpresinha de dom ailton, nem eu sabia dessa!!)
primeiro, abraço apertado no marcos do farsacena (acompanhei a ansiedade do grupo, que iria abrir a mostra com estréia de espetáculo, desde o convite que veio de uma conversa no largo da ordem em curitiba... - essa minha onipresença! rs, rs, rs.... - de lá pra cá, trocamos mensagens virtuais e fui dividindo com eles um pouco das expectativas!!), depois fofocar com a dupla fias e takumi que iniciaram parceria na II mostra e eu estava presente.... e depois colinho do fabio-sem-acento-bacante-rodrigues!! (ai, que saudade!!)... muitos abraços, beijos.... papos e nesse clima, rumamos ao cais...
enquanto esperávamos o barco que nos levaria a ilha, eu ficava zoando o povo de sampa dos manicômicos (aliás... acho que peguei demais no pé deles, hauhau, o manicômico fábio que o diga)... fotos, fotos e mais fotos!!! no barco, conversar com quem ainda não tinha conversado, rodrigo matheus, tati ogra, vivaldo.... fotos, fotos, fotos... desembarque na ilha (agora vou começar a omitir detalhes... hehehe... para preservar a integridade de algumas pessoas, inclusive a minha! rs...)
o almoço, foi maravilhoso... com direito a apresentação d'Os Apertadinhos (takumi e fiais), Ivan (Camaçari/BA) e outros que ousaram declamar versos... almoçando ao lado de marcos, conheci os demais farsacenas: lívia, luciana, willian, weskley, daniel (estes, não estiveram em curitiba!)
voltando da ilha, depois do deleite visual e gastronômico... descansar um pouco e me refazer para a maratona de espetáculos do primeiro dia!! infelizmente, o cortejo inicial não aconteceu, problemas técnicos (de atraso da galera!!) e chuva, muita chuva... chegamos a tenda às 19h embaixo do maior pé d'água... que não diminuiu em nada o brilho dos espetáculos que se seguiram...
Sonho de Uma Noite de Verão, William Shakespeare... isso me lembra uma conversa com dom ailton sobre a ausência de autores consagrados nas ruas (este ano, tivemos além do imortal salve salve idolatrado inglês, Cervantes e Machado de Assis. Jorge Amado esteve ausente por questões de direitos autorais... coisa que eu não entendo, num país onde deveríamos incentivar o interesse pela leitura.... bem, deixa pra lá!!) - acho que sou absolutamente suspeita para falar de Sonhos! além de ser fã da galera, eu participei ativamente do espetáculo.... primeiro, ganhei um beijo na boca de demétrio, depois cedi meu colo para puck, fui quase atropelada por titânia e oberon e enfim, me juntei a trupe de peter quince no papel de lua! "eu sou o luar, tudo que tenho a dizer é que sou o luar!" - hauhauhuahuahuahuahuauhau
segundo espetáulo... Quixote, alê roit e rodrigo matheus.... fala sério?! sou supeita de novo! hehehe
e pra fechar a noite, a Farsa do Bumba Meu Boi... (seguirá comentário dos espetáculos logo mais abaixo!!)... a vamos pra gandaia... val's com o farsacena, depois com ailton, depois bar da esquina, eleito pela galera pela cerveja mais barata, cerveja, rir, rir, rir, conversar com rodrigo e alê, conversar com willian, marcos e takumi... encontrar danilo e terminar no Dinho's (era esse o nome do inferninho?!) com Monique, Robson e Weskley (farsacena) e Harley... ahuahuhuhau... tudo que tenho a dizer é que a noite terminou cedo, ás 6 da manhã.... uauuuuu! caracas, pior foi minha cara de bêbada nas fotos... aff!!


(continua...)
Comentários breves, sobre os espetáculos (pra dizer que não falei das flores....)

Sonho de Uma Noite de Verão

Sonho de Uma Noite de Verão (Farsacena, Rio de Janeiro/RJ)




Noite de Abertura da Mostra Rio-São Paulo de Teatro de Rua de Paraty. Confesso minha expectativa com o espetáculo de estréia! Primeiro por ter ouvido os planos do grupo e presenciar o convite para estréia na abertura da Mostra (feito pelo curador Ailton Amaral em Curitiba - além de tudo, tive que guardar este segredo!), fato que me lançou para dentro do processo, trocando mensagens com parte do elenco e dividindo com eles um pouco de suas ansiedades. Segundo, e questão óbvia, amo o texto e qualquer montagem dele me causa expectativa, afinal, sempre se tem um ideal de como seria: as opções estéticas, os momentos imprescindíveis, o jeito de dar certas falas e as imagens a elas relacionadas... e assim, quando se vê concretizado o trabalho de outrém, fica o ego dizendo "eu faria diferente!" - e que atire a primeira pedra os que nunca pensaram assim! Junta-se a isso, minhas impressões sobre "Um Passeio com Tchékhov", espetáculo que assisti em Curitiba e que me agradou muito (e olha, isso é quase impossível, tratando-se do autor que é uma das minhas grandes paixões!); senti o FarsaCena afinado com a atmosfera tchekhoviana, em construções e interpretações impecáveis. Com este histórico, qualquer deslize acabaria com o sonho!
Fui levada a nocaute, e logo no primeiro round! Elencar os acertos do grupo com a montagem seria desmerecer pequenos detalhes impossíveis de relacionar com exatidão. Tentarei fazê-lo, mas confessando de antemão, o pecado da omissão. O convite para sonhar vem com música e uma chuva de papel colorido e é tanta delicadeza em cores, formas e sons que fica difícil não se entregar... Sem perceber, o espectador está de boca, olhos e coração abertos! Deste momento em diante, o texto de Shakespeare flui suave e dinâmico e a magia do mundo das fadas e dos elfos, faz brilhar em cada olhar um sonho! Os figurinos, onde predominam tons de rosa e vinho, são românticos e puros como os amores dos emanorados. Flores e tecidos suaves abrem passagem meio ao público para Titânia e Oberon que duelam em movimentos de artes marciais: beleza e força, contraste próprio aos deuses! Puck, com impressionante agilidade física, delicia-se em traquinices tendo o público como cúmplice! E assim, a trama se desenrola, contando os atores, com acessórios que lhes garantem assumir outros personagens e brincar de encantar. A direção, fadada ao desaparecimento em função de fazer o elenco se apresentar em uníssono, não transparece em marcas; em cena, apenas o sonho de um espetáculo afinado e pulsante, sonho vivido por todos aqueles que ousaram sonhar. E ali, embaixo da tenda, um outro sonho de Shakespeare se manifesta: somos da matéria de que o sonhos são feitos... E que este espetáculo circunde nossa breve existência!

Quixote e Sancho

Quixote e Sancho (Circo Mínimo, São Paulo/SP)

Que trio!! Alê Roit, Rodrigo Matheus e Cervantes. Já conhecia o trabalho que foi feito para a Mostra Sesc Artes Mediterrâneo, um pouco diferente na estrutura e com outros dois atores que integravam a equipe, composta por 5 duplas e coordenadas pelo Alê. Adoro o argumento, um gari que aceita as loucuras de um homem que se imagina Dom Quixote. Logo de cara o gari entrega: ele é o único que conversa comigo. Levada pelo delírio de Dom Quixote, a platéia continua sonhando, agora com dragões-lixeiras-cavalos, vassouras e pás espadas e moinhos de vento! Em duelos de malabares ou de palavras, Alê domina o jogo com a platéia e um senhor, que chamado para nomear os sonhadores, cavaleiros, dá um show junto com eles. Aqui, vou discordar de Tolstói, ao chamar o espetáculo de poético! Não se trata de dar nome a algo subjetivo, mas sim, descrever a doçura com que os dois atores apresentam a relação de dois homens, dois sonhadores que vêem no brincar de ser, uma forma mais colorida de vida, transformando metaforicamente objetos do trabalho, fazendo malabares com a dureza da realidade.


Foto: Cecília Brignol

A Farsa do Bumba Meu Boi

A Farsa do Bumba Meu Boi (Grupo de 4 no Ato, Rio de Janeiro/RJ)

Cuidado artesanal nos detalhes de figurinos e adereços, isto diferencia esse espetáculo que conta a história de Catirina que grávida, sente desejo de comer a língua do boi do coronel. O de 4 no Ato aproveita objetos simples do universo da cultura popular como cestos e sinos de vaca. Os cestos, além de delimitar o espaço cênico, servem para carregar e trocar figurinos e objetos; os sinos, são tocados com extrema precisão cada vez que o nome do coronel é mencionado e pontuam a pesquisa de recursos bem elaborada. Os atores, revezam-se nos personagens, fazendo-os vivos como figuras num jogo cênico de criatividade e bom humor, aliás, com bom humor eles mandam o recado para nossos governantes, fazendo a voz do povo ecoar pelas ruas de Paraty. Educação e cultura, eis a palavra de ordem. Foto pro orkut!

23.12.06

algumas considerações

teve gente que não se aguentou de tanta curiosidade e ficou a perguntar: por que a ode aos cariocas?! bem, eu precisava dizer algo a respeito dos dias vividos na mostra rio-são paulo de teatro de rua em paraty... como ainda estava na loucura de apresentações e outros compromissos, não dava pra sentar e elaborar um texto, então... adriana calcachoto falou por mim.. falou da saudades dos malucos com quem passei três maravilhosos dias...

com mais tempo, relatarei a viagem no meu diário de bordo... ailton nem vai acreditar!!

tá difícil terminar o texto, porque muitas lembranças vão e vem, tomam a frente de outras... foram tantas emoções... fortes, loucas... sei lá... eu estava absolutamente sensível... na dificuldade em escrever... postei fotos com pequenos comentários no meu multiply... lá, os curiosos de plantão poderão conferir um pouco do que estou falando através das imagens (e cada vez mais eu amo fotografias!!)

para ver as fotos, click aqui!!

claro que muitas coisas serão impossíveis de registrar! como as brincadeiras com o elenco do FarsaCena... hehehe... entre outros motivos, não vou conseguir relatar o contexto e os gestuais... hahahaaha... também não chegarei nem perto de algumas experiências malucas que me fizeram derramar lágrimas (opa, desta vez não passei nem perto de manter minha fama de má, fui a mais manteiga derretida...)

sensível?! é que 2007 está chegando e eu aguardo ansiosa.. adoro anos ímpares, e 2007 além de ser ímpar, somando os números dá outro número ímpar e que por sinal é meu número pessoal... xiiii, muita numerologia, né?! mas, o que eu estou tentando dizer é que pressinto muitas mudanças... pressinto um novo ciclo.... afinal, não é à-toa que estou enfrentando as pendências do meu passado!? isso já aconteceu uma vez.... em 1999, pressenti mudanças... e foi um ano muito importante! saí de uma crise de depressão, voltei a conviver com uma amiga-irmã muito querida, passei a trabalhar profissionalmente SÓ com teatro e terminei o ano ao lado do grande amor da minha vida e graças a ele voltei a falar com meu pai depois de dez anos!! sai de um estado de estagnação total para de realização plena... acontece que nesse processo, algumas coisas ficaram para trás... alguns sentimentos adormecidos nessa depressão, algumas pessoas... enfim, este ano foi o tempo de colocar essas dívidas em dia... retomar, inclusive meu relacionamento com minha família, que agora ocupa o primeiro plano....

podem vir, senhoras mudanças!
quem sabe eu não me mudo pro rio?! hauhauhuahuahua
ou curitiba!?
vontade não falta!

17.12.06

ode aos cariocas!

ainda me sentindo em paraty, graças aos scraps cariocas!!

Cariocas
Adriana Calcanhotto
Composição: Adriana Calcanhoto


CARIOCAS SÃO BONITOS
CARIOCAS SÃO BACANAS
CARIOCAS SÃO SACANAS
CARIOCAS SÃO DOURADOS
CARIOCAS SÃO MODERNOS
CARIOCAS SÃO ESPERTOS
CARIOCAS SÃO DIRETOS
CARIOCAS NÃO GOSTAM
DE DIAS NUBLADOS

CARIOCAS NASCEM BAMBAS
CARIOCAS NASCEM CRAQUES
CARIOCAS TÊM SOTAQUE
CARIOCAS SÃO ALEGRES
CARIOCAS SÃO ATENTOS
CARIOCAS SÃO TÃO SEXYS
CARIOCAS SÃO TÃO CLAROS
CARIOCAS NÃO GOSTAM
DE SINAL FECHADO

13.12.06

vida em movimento...

e o blog, parado!

eu ia escreve sobre um amigo que se foi (calma, nada trágico, foi pro outro lado do atlântico), mas logo estava arrumando as malas para Paraty, então ia contar sobre a mostra, mas meus pensamentos andavam confusos e ia escrever sobre eles, daí chegou Paraty, pensei em postar algo por lá, principalmente por que queria deixar uma mensagem especial sobre o dia do palhaço, falando um pouco do Bombril, este sim, nos deixou e foi lá pra cima... então, recebi um e-mail do outro lado do Atlântico que despertou em mim tantas outras coisas. acabou Paraty e nada escrevi... (até rimou! rs)... cheguei em Campinas (onde estou agora) e pensei: assim que descansar, eu escrevo sobre tudo isso, queria falar sobre sentimentos e coisas pensadas durante a viagem... fui pro encontro da ASFACI e daí saiu o resultado do prêmio estímulo ao Circo da Funarte e todo mundo tava comemorando.. eu, nem sei mais por onde começar....

eita vida! intensa....

mas, até que estou respirando... sentindo a brisa...
e pra dizer a verdade, tenho medo de voar...
voar? quem já leu "Como Água para Chocolate"? minha vida se resume num medo enorme de voar... bem, Sandman também pode explicar isso... o fato é: quando se chega ao pico máximo da felicidade... você voa...
então, cuidado!
se eu me desprender, pra onde irei?

xi, o post está ficando confuso e subjetivo? ando a flor da pele... chorei em Paraty, algumas vezes... chorei com notícias de Tel Aviv... chorei com o resultado do prêmio... felicidade em pedrinhas brilhantes que rolam e anunciam o vôo!